"Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa (ora, havia no seu quarto janelas abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer." (Dn 6.10)
Há pessoas predispostas a se enquadrarem em lugares comuns, inclusive no que tange a vida espiritual. Muitos se acostumam com uma vida sem oração. Não dão crédito à importante mensagem bíblica sobre a relevância de uma vida de estreito contato com o Senhor através da oração.
O texto supra é referência no Antigo Testamento. Trata da vida de Daniel; um verdadeiro exemplo de fé, "ambição" espiritual e, acima de tudo, comunhão com o Senhor. Seu povo estava no cativeiro babilônico - ele mesmo havia sido levado na primeira deportação, cerca de 606 a.C. - completamente sem esperança e sem paz no coração. Daniel, que fora levado pelo Senhor para o Palácio, pôs em seu coração não se adaptar às situações e conveniências palacianas. Além de posturas éticas e morais, Daniel manteve o hábito bom de orar por três vezes durante o dia ao Senhor.
Sei que muitos perderam, ao longo da vida espiritual, o hábito de orar. Fazem-se orações habituais -"lugares comuns" - em que se percebe a conveniência. Não há mais a prática de orar ao Senhor por tempo já determinado e fixado para desembocar em uma vida espiritual sadia e fecunda. Isto tem levado nossa geração a uma insignificância espiritual sem precedente. A falta de oração produz vida sem ardor; carvão, e não brasas vivas. Nossa geração mergulhada no desespero espiritual é reflexo de um "cristianismo" sem a disciplina da oração.
Talvez seja pelo fato de que é muito mais fácil a submissão às conveniências do que a luta retumbante da oração diária e ininterrupta. Incrível, como muitos dizem que oram sempre, mas "em espírito". Justificando com isso a falta de dobrar literalmente seus joelhos ao Senhor e interceder tal como um sacerdote. Orar pela madrugada? Muito mais difícil ainda.
Douglas Bond, um presbítero presbiteriano, disse em seu livro "A poderosa fraqueza de John Knox" que "Nem todos são chamados para pregar ou pastorear, mas todo cristão é conclamado a orar". Certa vez perguntaram a rainha Mary Guise qual era seu temor, ao que ela respondeu: "Tenho mais medo das orações de Knox do que de um exército de dez mil homens". Tal era a influência deste homem que revolucionou a Escócia!
Conta a história que o genro de Knox, casado com Elizabeth, sua filha caçula, chamado John Welch foi acusado e condenado por não se submeter às ordens do governo que encarava orei James I como o cabeça da igreja em detrimento a Jesus. Sua esposa, Elizabeth, foi ao rei em audiência em favor de seu marido. O rei disse a ela que se ela persuadisse seu esposo a se submeter à sua autoridade acima da igreja, libertaria Welch. Elizabeth, conhecendo sua fé e a bravura de seu esposo, disse ao rei: "Vossa Majestade, por favor. Prefiro receber a cabeça dele aqui".
John Welch gastava tanto tempo ajoelhado em oração sobre o chão gelado das prisões que em seus últimos anos perdera toda a sensibilidade nos joelhos. Uma verdadeira vida de oração e intercessão ao Senhor.
Que o Senhor nos levante como verdadeiros homens de oração. A vida de oração produz homens de Deus; homens que se diferenciam dos falsos profetas; homens que não aceitam as falácias de paroleiras; homens compromissados com o sagrado e com as verdades pertinentes à salvação.
Sejamos tais homens!
É isso.