Senhor, ajude-nos a cairmos sempre prostrados aos seus pés em sinal de constrangimento, submissão e amor!



domingo, 17 de outubro de 2010

GRAÇA COMUM E GRAÇA SALVADORA


 É comum nos dias atuais, observar certa confusão entre os conceitos relacionados à graça.  Graça, numa definição bíblica e teológica, é o favor imerecido de Deus.  Essa definição, por si só, remonta a um outro tema abrangente e importantíssimo, a soberania de Deus. Se graça é favor imerecido, então o primeiro passo quem dá é Deus.  Destarte, não se pode analisar o conceito e objeto da graça desatrelada ao conceito da soberania de Deus.
    
É sabido que o conceito e o estudo de graça são abrangentes, por conseguinte, far-se-á, nesse artigo, uma abordagem da graça comum e da graça salvadora com suas respectivas implicações na história e na teologia.
    
Por graça comum entende-se o favor de Deus em relação à humanidade.  Wayne Grudem diz que “os incrédulos continuam a viver neste mundo unicamente por causa da graça comum de Deus”,  ou seja, é o puro beneplácito de Deus que permite a todos que respirem, pois o salário do pecado é a morte, não a vida (Rm 6.23).  Jesus, consciente da graça comum, incentivou seus discípulos a amarem seus próprios inimigos e rogarem ao Pai celeste, porque Ele faz nascer o sol sobre os maus e os bons (Mt 5.44,45).  Paulo em Listra prega sobre a igualdade e equivalência de Deus em relação às bênçãos comuns (At 14.14-17).  Pode-se depreender destes textos que o homem pecou em Adão e foi destituído da glória de Deus (Rm 3.23), desta forma, não poderia, por direito e legalidade, receber de Deus nada mais que o inferno; no entanto, não é isso que se vê ao longo da história, muito pelo contrário, vê-se um mundo que recebe da parte de Deus tratamento igualitário no que tange às bênçãos da chuva, do sol, da plantação, da colheita e do ar que se respira.  Há, portanto, uma graça de Deus em tudo isso.  A essa graça, os teólogos chamam graça comum.  Comum, porque não confere salvação, não vem amalgamada aos valores implícitos que remontam os eleitos em Cristo a um patamar mais elevado de comunhão e santificação.
    
A graça comum de Deus confere aos homens habilidades profissionais, intelectuais, morais e físicas.  É comum ver homens sem relação íntima com Deus alcançando sucesso nessas áreas, assim como é comum encontrar pessoas amantes da ética e da moral sem que tenham um mínimo de respeito aos valores sadios da Bíblia Sagrada.  São frutos da graça comum de Deus dispensada a todos os homens. Esse entendimento levará o eleito e salvo em Cristo a não viver no ciclo das lágrimas em que viveu Asafe (Sl 73).  Asafe não conseguia entender que a graça comum de Deus concedia um bem comum a todos e que cabia a ele, enquanto homem de Deus, entender o motivo pelo qual Deus o levara por aquele caminho.  Com certeza, aquele caminho serviu para fazê-lo crescer e desenvolver um relacionamento mais sólido com Deus.
    
 Por outro lado, percebe-se que há uma graça de Deus que desemboca em salvação da alma.  O apóstolo Paulo escreveu que “é pela graça que sois salvos” (Ef 2.8).  Isso quer dizer que o homem nada fez e nada faz nesse processo de salvação.  Ele é paciente, o agente é Deus em sua graça.  Pode-se concluir que salvação é graça de Deus derramada na vida dos eleitos em Cristo (Ef 1.4).  Nitidamente, não se trata de uma graça dispensada a todos os homens, mas a um grupo especial, e especial em Cristo. Paulo, em vários textos, refere-se à igreja como eleita. Percebam que a igreja não elege, mas é eleita, ou seja, mais uma vez depara-se com o favor imerecido de Deus – com a graça.  Mas uma graça que não se iguala à comum, pois não é outorgada a todos os homens.  A essa graça, os teólogos chamam graça salvadora.
    
A graça salvadora é aquela que vem sobre o homem, “morto em seus delitos e pecados” (Ef 2.1), incapaz de ter qualquer reação em relação a tudo que diz respeito a Deus  para “vivificá-lo juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2.5).  É a graça que confere salvação (At 15.11; Rm 3.24; 5.15; 11.6; Tt 2.11).
    
A graça salvadora confere ao homem habilidades em todos os campos e esferas da vida, capacita-o a fazer boas obras e o leva a um compromisso mais sério com Deus e o sagrado.  Muito embora, alguns, hoje em dia, têm tentado baratear a graça salvadora de Deus, oferecendo salvação como se fosse mercadoria estendida em um balcão, o que se percebe de bíblico e teológico nesse conceito é que a graça salvadora de Deus é oferecida para a justificação e vem atrelada a uma mudança de iniciativa e postura. 
    
Depreende-se de tudo o que foi discutido que fazer o bem e se envolver com boas obras e ideologias por si só, é produto da graça comum de Deus, mas quanto a fazer o bem e se envolver com boas obras e ideologias com um sentimento interno de engrandecer em tudo isso o nome de Jesus, é produto da graça salvadora.  A graça salvadora suplanta a graça comum porque desemboca em salvação.

Em Cristo, sempre,



2 comentários:

Anônimo disse...

QUE EXPOSIÇÃO MARAVILHOSA DA PALAVRA! ENQUANTO MUITOS CONFUNDEM A GRAÇA DE DEUS VOCE NOS TROUXE CLARAMENTE AS DEFINIÇÕES CORRETAS DESSA GRAÇA. PARABENS PASTOR!

Anônimo disse...

Realmente a postagem é maravilhosa e esclarecedora, Deus seja sempre louvado!!