Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas.
Rm 11.36
Interessante notar que o primeiro versículo do capítulo doze da Epístola de Paulo aos Romanos se liga ao texto anterior através de uma conjunção coordenativa conclusiva (pois, posposto ao verbo) "Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus...". Isto leva-nos a entender que o capítulo doze é uma extensão do capítulo anterior; não há como fazer uma leitura desse texto sem levar em conta o que Paulo disse anteriormente.
O apóstolo, após dissecar sobre o futuro escatológico de Israel e a soberania de Deus; nos últimos versículos do capítulo onze celebra ao Senhor evocando a "profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como da ciência de Deus..." (Rm 11.33). Daí, pode-se afirmar que há uma evocação de todo tipo de conhecimento, seja o produzido pelo intelecto,a partir de estudos sistêmicos dos mais variados assuntos; até o produzido pela fé. Sim! o conhecimento produzido pela fé tem relação estreita com as convicções que exaurem daqueles que se posicionam como ouvintes das assertivas axiomáticas pronunciadas pelo Senhor através da revelação pessoal ou bíblica e das circunstâncias históricas.
Há, nitidamente, um interesse no apóstolo em fazer conhecido seus pressupostos - inclusive já dissecados em textos anteriores - de sua insignificância diante da grandeza do Senhor. "Ó profundidade das riquezas" é, portanto, um vocativo que vai muito além de um termo independente de uma oração ou período; é uma afirmação congênita de que os mais profundos conhecimentos filosóficos ou teológicos não são, por si só, suficiente para o conhecimento de Deus.
A única vontade expressa pela verdade ímpar nesse texto é a de que cabe ao mero mortal o suplício incondicional ao Senhor. Como afirmou C. H. Spurgeon:
"Ó Deus, se tu me destruíres, eu o mereço. Se tu nunca me dirigires um olhar de consolo, não tenho de que me queixar. Mas, Senhor, salva um pecador, por tua misericórdia. Não tenho o mínimo direito de pedir nada, mas oh, porque tu és cheio de graça, olha para uma miserável alma cega que deseja contemplar-te."
Há necessidade, mais que urgente, de se pensar numa proposta como esta. Até pelo fato de ser genuinamente bíblica e proferida por dois dos "grandes" da fé cristã: Paulo e Spurgeon.
Evoquemos também a profundidade das riquezas para ser testemunha viva de que nos posicionamos diante do Senhor como um autêntico servo necessitado de suas misericórdias.
É isso.