“Pois para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.” Fp 1.21
A morte é, sem dúvida, um tema causador de grandes debates; seja na esfera teológica como em qualquer outra. Desde que o homem se entende por homem e passivo de morrer, ele discute, pensa, filosofa, conclui e não conclui, enfim; disseca sobre a morte. E quanto mais pensa, menos se conclui enfaticamente.
Esse tema é debatido no âmbito da filosofia como sendo um tema profundo, abrangente e, até certo ponto, salutar, pois é o caminho de todos os seres viventes, e não seriam viventes se não houvesse a possibilidade de morrerem. Para Platão, a morte representava a “libertação da alma dessa matéria inibidora”. O grande sábio entendia que na morte “o homem realiza a sua verdadeira natureza: a contemplação intuitiva do mundo ideal”. Por essa linha, seguem as escolas platônicas e neo-platônicas.
O cristianismo do primeiro século, que teve vários enfrentamentos com as filosofias neo-platônicas, apresenta um conceito de morte diferente do que estava em voga no momento.
a) A matéria não é má
Se a filosofia pregava a morte como uma libertação da alma, era automática a crença na fragilidade do corpo, num corpo mau. O cristianismo é implacável contra esse pensamento. Paulo fala sobre o engrandecimento do nome de Jesus em seu próprio corpo, seja na vida ou na morte (Fp 1.20).
b) A morte não é o fim último da vida
A filosofia anunciava o verdadeiro objetivo do ser humano como sendo a busca incansável pelo mundo ideal, conquistado apenas com a libertação da alma. O cristianismo primitivo entendia (como entende ainda hoje, óbvio) que o fim último do ser humano é a contemplação de Deus, seja nessa vida ou no porvir, e para tal, não é necessário que o homem se “liberte” do corpo, pois na contemplação final e eterna, o homem estará com corpo, pois Paulo fala na existência de corpos celestes e na ressurreição (1 Co 15.40, 42).
Nos dias atuais, esse tema continua sendo debatido, e continua controverso. O mais interessante é se entender que a morte em teoria não pertence a esse plano. Quando Paulo enfatiza a morte, no texto supra citado de Filipenses, há a nítida percepção de que ele tem um conceito muito mais abrangente e profundo do que temos ao analisarmos cruamente. À medida que se contrapõe a morte aos mais variados tópicos que permeiam a vida, fica mais distante o entendimento bíblico desse tema.
Não se pode pensar em questões espirituais em plano material. A morte deve ser analisada em plano espiritual. Daí o entendimento de que no plano superior, na esfera em que Deus age, morte e vida se confundem. Aqui, a morte tem várias conotações, tais como perda irreparável, ponto final em sonhos, ideais, enfim. E a pergunta que não quer calar: quem tem promessas, pode morrer? Não é fácil responder a tal pergunta, exatamente por que não é fácil fazer-se uma distinção entre a percepção de morte no prisma espiritual com suas conseqüências no âmbito material da percepção no prisma material.
Parto do entendimento de que tudo está no controle de Deus. É Ele quem faz como quer e quando quer. Daí o entendimento de que a morte pode nos alcançar hoje e nos causar grandes perdas, dores fortes e similares, mas no plano de Deus não. No plano de Deus a morte e a vida se convergem em uma só coisa. Não há diferença, não há espaço, não há tempo, a morte e a vida não são estágios para Deus como são para nós. Morre-se uma criança, para nós morreu uma criança; se morre um sacerdote, para nós morreu um sacerdote; se morre um autêntico servo de Deus com um ministério brilhante pela frente, para nós morreu um homem com um brilhante ministério pela frente. No plano de Deus não acontece desta forma. A morte não é separação, não acontece no tempo nem no espaço, pois Ele é atemporal e não se limita ao espaço. Tudo acontece num mesmo momento. Deus não faz distinção entre criança, jovem, ministério, enfim.
Diante de tudo isso, de todas as perguntas sem repostas, prefiro ficar com a frase de Moody: “Algum dia vocês lerão nos jornais que Moody morreu. Não creiam nisso, pois naquele dia eu estarei mais vivo do que agora ... Apenas fui encontrar com Deus”.
A morte é apenas um estágio que na ótica celestial se converge com a vida.
Karis kai eirene.
Espaço onde lançarei minhas meditações sobre assuntos relacionados à Teologia e Assuntos diversos.
Senhor, ajude-nos a cairmos sempre prostrados aos seus pés em sinal de constrangimento, submissão e amor!
terça-feira, 16 de setembro de 2008
ONDE A MORTE E A VIDA SE CONVERGEM
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