Senhor, ajude-nos a cairmos sempre prostrados aos seus pés em sinal de constrangimento, submissão e amor!



quinta-feira, 4 de setembro de 2008

RELIGIÃO HERDADA... CRISTIANISMO SEM CRISTO

Na atual conjectura que estamos vivendo, não se faz necessário ser um “PH.D” para tomar conhecimento de que estamos em crise. Esta crise atinge-nos através dos mais diversificados setores: crise na economia, na política, na saúde, na educação; enfim, crise na esfera material. Na religião, não poderia ser diferente. Estamos, também, vivendo uma crise na religiosidade.

Confesso que perscrutando um texto bíblico, Jo. 4:4, cheguei a um envolvimento mais profundo dessa crise na realidade atual. Nosso problema já foi apresentado por Cristo na passagem supra e, no século passado, por Dietrich Bonhoeffer. Analisemos primeiro o pensamento de Bonhoeffer e depois a dissertação de Cristo.

Dietrich Bonhoeffer (D.B.), pastor e teólogo alemão martirizado no ano de 1945 por defender os ideais cristãos e lutar ideologicamente contra os postulados de Adolf Hitler, foi o arauto, o profeta que o Senhor levantou no século passado para apresentar as razões por que a igreja e a sociedade passaram por crise religiosa. D.B. percebeu que “o mundo chegou à maioridade” e, por conseguinte, necessitava de um “cristianismo a-religioso”, ou seja, a religião que permeava o ser humano era herdada, mascarada, não produzia mudança de vida nem de comportamento.

Enquanto a igreja se fechava em seus “dogmas” e tradições que não a levavam a lugar algum, o mundo “crescia” ideologicamente, se alimentando das filosofias de Frederich Nietzsche que pregava “a morte de Deus” e o “advento do super-homem”.

D.B. foi o homem levantado pelo Senhor para anunciar à sua geração que a igreja precisa muito mais do que uma religião herdada, muito mais do que um nome, uma fachada, pois tudo isso, sem a essência da religião de Cristo – o próprio Cristo – não passa de um cristianismo barato, sem o Cristo da cruz.

A voz de D.B. foi calada por Hitler, mas sua mensagem continua a nos falar bem forte. Que o nosso cristianismo possa ser desprovido da religião farisaica que nos permite embaraçarmos com as doutrinas bíblicas e cristãs pertinentes à salvação em detrimento às tradições e aos dogmas puramente “religiosos”.

O próprio Jesus falou-nos sobre o cristianismo sem Cristo, que nos é oferecido pela religião herdada, em Jo.4:4. É importante frisar que “era necessário Jesus passar por Samaria”. O texto, em nenhum momento nos passa a impressão de que aquele era o único caminho. Havia uma necessidade de ordem espiritual. Quando Jesus trava o diálogo com a samaritana, ela lhe fala sobre a adoração no monte, quando os judeus adoravam no templo. Este era o grande problema. Aí se concentrava a problemática da religião herdada, e Jesus tratou logo de resolvê-la: “... os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade...” (Jo. 4:23).

O que vemos aqui é que a samaritana nem sabia por que adorava no monte. Ela assim o fazia porque seus pais também assim o fizeram, ou seja, sua forma de adorar e apresentar sua religião foi herdada. Não havia significado em sua religião, e quando nossa religião perde o significado, nosso cristianismo perde Cristo.

O grande problema não está em sermos ou não religiosos, mas em sabermos se Cristo está ou não no nosso cristianismo. Vejamos algumas idagações: onde estamos indo em nome de nossa religião? A que tipo de programas estamos assistindo? Que tipo de revista estamos folheando? Que tipo de culto prestamos a Deus?

Quando a religião é puramente herdada e sem Cristo, temos a ”certeza” da salvação, mesmo que não a vivenciemos, mas achamos que a temos; daí advém as “algazarras” nos encontros joviais onde a reverência sede lugar ao extravaso desordenado. Não somos adeptos à liturgia letárgica e ultrapassada, mas defendemos a boa ordem no culto e a adoração, além da reverência. Cremos que podemos prestar um culto alegre, carismático e longe de um mundanismo que é reflexo da religião herdada... cristianismo sem Cristo.

Aprendamos com Jesus e com Bonhoeffer e analisemos nossos postulados e nossas vidas, a fim de chegarmos a uma conclusão satisfatória sobre nossa conduta. Que tipo de crentes temos sido? O nosso cristianismo tem feito a diferença? Caso não, é porque temos sido simplesmente religiosos sem Cristo.

O que Jesus exigiu da samaritana, e exige de nós, igreja poderosa e militante, é que entendamos sua mensagem e deixemos de lado as tradições puramente denominacionais que não nos levam a nada, e nos firmemos na doutrina de Sua palavra. Côncios de que a religião de Cristo é aquela que nos trás experiências profundas, marcantes e lineares. Precisamos mais do que nunca fixar nossos olhos em Cristo, firmarmos no cristianismo com Cristo e mancharmos para o Céu.

Deixando o evangelho barato, abraçando a religião de Cristo, nosso cristianismo fará a diferença.


William de Jesus é Pastor auxiliar na Assembléia de Deus – Ministério Sul Fluminense e Diretor do IBADAR (Instituto Bíblico das Assembléias de Deus de Angra dos Reis).


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