"Eis que, na palma das minhas mãos, te tenho gravado; os teus muros estão continuamente perante mim." (Is 49.16)
Confesso que, às vezes, me pego pensando em tudo que já vivi. Então, vejo-me aos 13 anos de idade quando caminhava cerca de 3 km, a pé, para cultuar ao Senhor. Lembro-me perfeitamente das noites que passava em vigílias, sozinho, em meu quarto. Momentos que reservava para compartilhar com o Senhor de um diálogo sério e comprometedor. Penso, também, nas muitas horas em que passava lendo a Bíblia sagrada; lia a Bíblia 2 vezes ao ano e todo ano. Havia um ardor em meu coração que me conduzia a leituras devocionais, teológicas e similares.
Aí o tempo passa. Advêm os compromissos, as responsabilidades com o trabalho, a família, a igreja, enfim. Muitas vezes, não percebemos que o tempo vai sendo utilizado com outras ações. Não há mais tempo disponível para uma leitura, um estudo dirigido, uma noite de oração e meditação, pois no dia seguinte, há a necessidade de se levantar às seis horas. Aquela sobra de tempo que era tão comum, já não existe. Então, começamos, naturalmente, a deixar de lado a leitura, a meditação, a oração. Não digo que deixamos de lado, por completo, a vida de leitura, estudo sistemático da Palavra e a oração, mas que a essas ações é destinado um tempo muito menor, disso não se tem dúvidas. Então, o que fazer?
"Antecipei-me à alva da manhã e clamei; esperei na tua palavra. Os meus olhos anteciparam-me às vigílias da noite, para meditar na tua palavra." (Sl 119.147,148)
Em primeiro lugar, precisamos entender que não há motivo algum para que minha relação com o Senhor seja prejudicada. Urge a necessidade de que entendamos que nada pode assumir o lugar de mais importante em nossa vida do que a relação íntima com o Sagrado; e que essa relação advém com a leitura, a meditação e a oração. Logo, há a necessidade de se fazer como o salmista, dormir menos.
O salmista também passou por tudo isso. Sua vida era uma vida de oração, estudo, mas um dia se viu diante da responsabilidade, que tomava quase todo seu tempo - governar o povo. O que ele fez? Diminuiu as horas de sono. É o que precisamos fazer, hoje, diminuir as horas de sono. Dormir menos. Criar o hábito de ler, estudar e orar, nos momentos que temos e dormirmos menos. Ou dormimos mais tarde, ou acordamos mais cedo, mas precisamos dormir menos a fim de utilizarmos esse tempo na construção de uma relação mais íntima com o Senhor.
"Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus." (Ef 5.16,17)
Que conselho magnífico o apóstolo Paulo dá ao seu filho Timóteo! Remir o tempo se iguala à expressão "cuidar do tempo", ou seja, usar o tempo de maneira mais satisfatória; não desperdiçar o tempo. Quanto tempo se perde na fila do banco, nas conversas entre amigos, nas idas e vindas a determinados locais.
Cheguei à conclusão de que, por mais que nosso tempo tenha se encurtado palas responsabilidades já descritas alhures, ainda temos tempo - menos, mas temos. O grande problema é que não estamos "remindo o tempo".
Precisamos voltar àqueles tempos em que alimentávamos a relação com o Senhor. Tempo em que estar intimamente ligado com o sagrado era o que havia de mais importante em nossa vida. Tempo em que gastávamos na leitura, no aprendizado, na meditação profunda e sistemática, na oração, no jejum, nas vigílias, enfim. Tempo em que o tempo era usado para um comprometimento mais estreito com tudo que se relaciona com o Senhor.
Eu preciso resgatar essa idéia. E, confesso que esse sentimento me consome de alguns meses para cá. Tenho lutado muito para não perder mais tempo. Muitos me encontram (quando me encontram) e dizem: "Ainda está morando em Angra?", outros: "Nossa, como você está sumido!" E é verdade, eu estou sumido mesmo, mas é porque estou remindo meu tempo. Quando não estou trabalhando ou na igreja, estou em casa lendo, orando. Tenho lutado muito para dormir menos. Só durmo tarde, independente se tenho que acordar às seis da manhã (horário que acordo todos os dias).
Há uma necessidade mais que urgente de voltarmos a essa meditação. Não podemos permitir que percamos a comunhão que tínhamos com o Senhor, por razões temporais.
Sola Scriptura.
WJ
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